Seu carrinho

Nenhum produto no carrinho.

A escola que eu sonho

Ter uma trajetória profissional dentro de uma escola é um fabuloso presente para as pessoas que acreditam na humanidade e, em suas almas sonhadoras e idealistas, almejam construir um mundo melhor. 

Encerramos o mês de fevereiro. O primeiro de um ano inteiro letivo. E já nas primeiras semanas de aula, acompanhamos em várias frentes, o desespero de mães e pais em busca da garantia de um direito constitucional básico para crianças e adolescentes: frequentar a escola.

Direito este que extrapola as questões jurídicas, pois trata-se de conduta moral de qualquer sociedade minimamente honrada e digna. Direito que não tem a ver com possibilidades ou entraves operacionais, mas com deveres primordiais na educação de qualquer povo. 

Tanto assim, quando se pensa na formação ‘oca’ que ainda se oferece em muitos cursos de pedagogia e licenciatura que, infelizmente, deixam a desejar quando o assunto é a diversidade real presente na escola. 

Em meio a novos modelos de sociedades que absorvem, cada vez mais, as influências digitais, a globalização de conhecimentos e modelos de conduta educativa praticada em algumas partes privilegiadas do planeta, no Brasil, ainda se ‘engatinha’ na garantia concreta de direitos básicos para a sobrevivência saudável de famílias neurodiversas.

E, quem acompanha a luta diária dessas famílias certamente compreende com clareza e angústia o que falamos aqui.

A escola que eu sonho olha para a diversidade com afeto e acolhimento porque se valoriza como laboratório potente de emoções e singularidades. Sabe que é o melhor observatório para se contemplar e buscar respostas assertivas para compreender o comportamento humano e sua complexidade.

Escolas verdadeiramente poderosas são aquelas que tocam os corações das pessoas e promovem mudanças que transcendem os seus muros de concreto.

A escola que eu sonho se emociona diante de algumas poucas pessoas que compreendem que para aprender e construir um ambiente educativo saudável, dialógico e potente, é necessário afeto, disponibilidade, sabedoria para ouvir e ver com olhos de ver.

A escola que eu sonho constrói pontes que permitem ao outro acessar saberes e percursos para escrever a sua história única. Propõe um espaço criativo e dinâmico  que convida para o desapego de rótulos e ‘poderes’ que geralmente professores, pais e lideranças assumem na relação educador-educando, para estabelecer algo primoroso nesse processo mágico, conhecido como conexão.

Ninguém aprende sem esperança, emoção, amor e conexão!

A escola que eu sonho não precisa falar de inclusão, nem refletir sobre a sua importância, nem temer desamparos nos direitos, acolhimento e formação das crianças e adolescentes atípicos, porque todos são acolhidos e aceitos em suas condições.

Porque afinal, a escola que eu sonho é consciente de que o seu ambiente é diverso, e esta é a sua maior riqueza.

A escola é o laboratório mais potente em diversidade, respeito, amorosidade, perseverança e transformações que eu conheço. Basta observar um grupo de crianças brincando livres num ambiente preparado com recursos e estímulos que instiguem a curiosidade e a descoberta, favorecendo o diálogo e a cooperação.

Educadores deveriam treinar melhor seus ouvidos e olhos para perceber a sabedoria que existe na expressão de emoções e comportamentos espontâneos que crianças e adolescentes expressam nas interações sociais e que lhes convida, diariamente, a serem pessoas melhores que evoluem dia após dia.

No fundo, todos querem, de algum modo, se sentir pertencentes e necessários. 

Toda a pessoa que se sente amada, aceita e pertencente tem motivos para seguir adiante.

A escola que eu sonho tem pessoas corajosas e sensíveis que valorizam a oportunidade inestimável de aprendizagem significativa e humanizada entre educadores e educandos porque são flexíveis para quebrar os padrões e ousar em suas descobertas diárias.

Relações humanas inteligentes são baseadas em reciprocidade, diálogo, olhos nos olhos, sorrisos e lágrimas sinceras que acolhem, acalmam e respeitam. Seja na tristeza ou na alegria. E não é sobre ‘falar o que é certo’, mas sim ‘sentir e viver na intimidade’ seus valores mais sinceros. É assim que se educa!

Educadores que acreditam em seus alunos e incentivam seus sonhos e talentos especiais são necessários no mundo, e certamente cumprem com maestria a sua missão na sociedade. 

A escola que eu sonho é inclusiva não para respeitar uma legislação ou por medo de processos de famílias em desespero, a maioria delas sem ter a quem recorrer. Mas porque tem consciência e responsabilidade com o seu papel na construção de um mundo melhor, porque afinal, somos pequenas células de um todo muito maior.

É preciso cuidar das pessoas para transformar o mundo. Comece por você!

Por favor, não finja que não tem nada a ver com isso. A sociedade é reflexo do que cada pessoa sente, pensa e faz. E não há como sonhar com dias melhores sem ser a própria mudança.

Que tal ser a transformação que deseja ver no mundo nas mínimas coisas da sua vida? Na intimidade, sabe? Quando ninguém está olhando você! 

Sim, educadores inspiram! Pessoas especiais inspiram!

Seja ousado! Quebre os padrões que tentam lhe aprisionar e impedir que seja alguém verdadeiramente melhor!

Mas saber que você pode e deve ser a diferença para minimizar tantas desigualdades atrozes que acontecem diante dos seus e dos meus olhos, me dá esperanças e me incentiva a perseverar. Por favor, não finja que não vê!

Acredito em você! Percebo a sua coragem, a sua força e a sua capacidade para tornar as coisas mais leves e possíveis. Quem, além de você e de mim pode fazer isso melhor? Veja os potenciais!

Siga adiante porque na escola dos meus sonhos VOCÊ tem as batutas para orquestrar e encantar o mundo todo com o tom e a potência da sua melodia que toca o coração das pessoas que confiam e se inspiram nos seus passos.

Pessoas que se alegram quando você chega.

Respeite e acolha as dores das famílias dos seus alunos porque conhecer suas histórias ajuda no processo. 

Peça ajuda sempre que for necessário, porque elas também não sabem o que e como fazer. Estão exaustas de lidar com tantos dedos apontados massacrando seus sonhos e fazendo comentários cruéis. 

Lembre-se que você tem uma rede de apoio para lhe ajudar nesse percurso. Envolva quantas pessoas forem necessárias. Coragem!   

Contemple a inclusão acontecendo de forma fluida e leve na escola. Persista!

O que será que você pode aprender com isso?

Eu sei, na maioria das vezes, se sente só! São muitos desafios e cobranças. Sinto na minha carne os olhares e comentários inadequados da maioria das pessoas que não sabe sequer, se olhar no espelho.

Vejo as lágrimas que lavam seu rosto ora exausto, ora vibrante pelas pequenas conquistas que você, melhor do que ninguém, vê nas suas crianças e adolescentes, enquanto a maioria das pessoas é incapaz de perceber. 

Fecho os olhos e ouço os gritos, desespero, sorrisos desencontrados.

Vejo olhares curiosos, descobertas, crises inesperadas em comportamentos que desejam apenas expressar o que sentem e querem. 

Desencontros de propósitos. Bandeiras vazias que surgem em meio a algo tão sublime como é o ato de educar. Suor, lágrimas e medo do desconhecido. 

O medo nos torna prudentes!

Ensinar é aprender diariamente!

Sonhar é olhar para o céu e, mesmo diante dos dias escuros e de tempestade, saber que cedo ou tarde, o sol vai brilhar e as evoluções serão concretizadas. Discernir, esperançar e perseverar!

E, quando as evoluções forem concretas, eu te garanto, a sua história e de famílias inteiras serão transformadas. 

Dom, carisma, talento? Não importa, é a sua potência de educador vibrando e se expandindo para o mundo quem coloca as coisas exatamente onde devem estar. Você tem esse poder. Ou não. Depende do caminho que escolher.

EU VEJO VOCÊ!

Com amor,
Roberta Borges

Educadores, jardineiros e afeto

Gosto de observar o comportamento humano. É nele onde encontro muitas respostas e, em contrapartida, construo indagações diversas para as quais nem sempre encontro respostas. Já observou alguma vez na sua vida, o comportamento de um jardineiro preparando a terra para plantar as sementes? 

Educadores, quando recebem seus alunos nos primeiros dias de aula agem exatamente assim. Olhar cuidadoso, sorriso no rosto, ouvidos aguçados para perceber cada suspiro, cada história, cada emoção que transcende dos alunos que, seja lá qual for a história familiar, anseiam por um tiquinho de carinho, de escuta, atenção e segurança para contar sem medo, quem são e o que desejam.  

Jardineiros dos bons, colocam as mãos na terra, sentem o cheiro, a textura, aram, modelam o solo, nutrem e hidratam aquela que talvez fosse apenas barro seco e sem vida, mas com paciência, dedicação, amor e confiança, pouco a pouco, se abre para acolher e deixar semear os primeiros brotos que de uma hora para outra, tornam a paisagem encantadora e surpreendente.